quinta-feira, 3 de abril de 2008

O AMOR COMO TRAVESSIA

Desde criança ouvia as pessoas falarem do amor. Ainda não sabia o que era esse enigma que tanto inquieta gerações no tempo e espaço. Embora não soubesse podia sentir a sua força e presença nos beijos e afagos dos meus pais. Era algo indescritível deitar em minha cama, nas frias e longas noites da infância e sentir que ali, pertinho de mim estavam aqueles que me davam toda a certeza de afeto e proteção: minha mãe e meu pai. E isto era o amor manifestado para mim, embora eu ainda não soubesse o que era esse algo que anda nas juras, choros, risos, gritos e gemidos de todos nós.

Estudava em colégio de padres Salesianos, em Sorocaba e, um dia, numa tarde de domingo, numa das missas, padre Martini falou, em sua homilia, sobre o amor. Leu na íntegra a Epístola de Paulo aos Coríntios, quando o apóstolo escreve acerca do amor. Lembro-me que fiquei impressionado e emocionado com aquelas palavras de efeito bonito, gostoso de ouvir, criando imagens em mim que acabei perseguindo por todo o meu tempo adiante. E eu saí de lá, daquela nossa pequena, mas singela igrejinha colegial com o firme intento de que era um amor assim que eu buscaria na vida para ser a minha mulher e a mãe dos meus filhos.

O tempo, em seu deslocamento irrevogável de pessoas, vidas, situações, coisas e lugares foi me levando para bem longe daquela tarde de domingo. Mas aquelas palavras iam comigo, guardadas no coração. Fui crescendo na perseguição do amor...

Tive encontros e desencontros, como qualquer pessoa. Muitas vezes chorei. Noutras sorri, como qualquer pessoa. Nunca tive medo de amar, tampouco de buscar incessantemente o amor e amei à esmo! Sempre em busca do amor. Mal sabia que o amor nunca se concretiza em sua interminável passagem e que quanto mais o procuramos mais nos desloca em seu rumo feito de sentimento e enigma. Assim, por algumas vezes encontrei o amor em meu caminho. Mas as palavras ouvidas naquela tarde antiga de domingo ainda ressoavam em meu coração... E eu sabia que aquele amor eu ainda não havia encontrado.

Até que na tarde mais triste de Paula eu a encontrei com a dor infinita que corrói diante da perda. A sua mãe estava morta e ela, alí, diante de mim, altiva como uma guerreira no embate com a Morte e com lágrimas no olhar. E me olhou com o olhar do tempo. E a reconheci. Era ela a mulher que sempre busquei. Era como se estivesse naquela tarde antiga de domingo ouvindo padre Martini falar sobre o amor. Curiosamente nas palavras de Paulo sobre o amor encontrei Paula, a mulher de todo o meu amar.

Daí em diante, tudo aconteceu muito rápido e o Destino nos foi favorável. Hoje estamos casados, teremos a nossa filha e o nosso filho. Temos a vida, por viver. Estradas. Veredas. Travessias. E a cada dia eu me surpreendo com essa mulher que para mim é tudo e que me olha, beija e afaga com o toque infinito da inquietação e da delicadeza. A ela dedico a minha força e o meu tempo de homem.

Eu te amo, Paula Maria. E escrevo estas palavras em teu blog [deixei escrito, nesta manhã, em seu blog http//pensamentosesentimentosaluap.blogspot.com/ ] como quem marca com o ferro em brasa a carne nua do papel digital, que é onde a palavra poética procura abrigo e costuma fazer morada.

Ítalo Bruno, teu Homem.

Um comentário:

Paula Maria disse...

O que posso dizer diante de palavras tão belas que são tão carinhosamente escritas por ti e que tocam no profundo do meu ser.
Resta é sentir meu coração bater forte, minhas mãos tremerem e meus olhos brilharem quando estou diante do meu amado.
Sinto por ti um amor verdadeiro e único o qual nunca busquei, porém em meio a confusão e dor encontrei como um bálsamo de mirra para a dor que corróia minhas entranhas.
Amo-te com toda minha força de mulher e com tudo o que sou.
E luto por nosso amor todos os dias, para que nada nos faça caminhar por caminhos opostos, pois meu desejo e para sempre caminhar de mãos entrelaçadas pelos caminhos de todas as vidas.
Paula Maria, sua mulher.